O Laranjal
- Sâmela

- 27 de jul. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 18 de nov. de 2024
Se fosse embora, não voltaria. Ficaria calado e não contaria o cansaço enorme. Deixaria os tanques de guerra. O pensamento dividido e amedrontado. A fome febrícula de meio homem, meio raposa.
Colheria agora, no campo aberto, laranjas maduras. O sonho secreto do laranjal, de colher o que nunca fora cultivado. Se fosse embora mudo, deixaria lágrimas úmidas de despedida. E a guerra entre o mundo e ele se dissolveria melancólica.
Entornaria o suspiro de seu corpo jovem. Seria a casa, a gaivota, o barco, o vento que só existe na margem do abandono.
Se fosse embora logo, conversaria com o barqueiro e o atrairia para o oceano distante cristalizado. Teria sua liberdade no esquecimento dos homens e na memória desconhecida dos sonhos.





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