Era segunda, Ele ria
- Sâmela

- 19 de jul. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 18 de nov. de 2024
Tomando sol na velha varanda, com barba branca de marinheiro e a pele de mapas contíguos - montanhas delicadas de mármore.
Olhando o quintal pelo brilho suave da água da piscina, no pensamento cachoeiras vazias, naufrágios de memórias que conduzia.

As mãos dormentes apoiadas, o calor suportável e luminoso. Era segunda; ele ria. A saliva solta corrompia o riso, os dentes seguravam com força um homem inteiro satisfeito.
Viu que surgiu um órfão, observando da cerca baixa como um inseto farejador. Expulsou-o lançando um jato de cuspe ao chão. Para vomitar o mundo, era preciso ser bom dominador.
Depois, uma brisa quente levou o pudor do homem. A culpa não era de ninguém, e ele se tranquilizava na paz de seu silêncio, com o rosto entregue ao mesmo sol e a barba branca como sua poesia.
Os tropeços da vida eram fáceis, pensava. Sorria agora em alívio.




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