Em uma tarde cinza
- Sâmela

- 1 de jul. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 18 de nov. de 2024
Maria conheci numa tarde cinza, na ausência de outros dias. Enrolei seus cabelos vermelhos entre os dedos e não fazia calor. Maria era quieta; havia um incomodo em seu olhar, de um desejo oculto.
Se pudesse revelar o desejo, seria uma pessoa completamente diferente. Isso explica muito sobre as pessoas. Somos, no mundo, alguém por trás das ideias - quaisquer ideias.
Como é ser o homem branco de nariz pontudo e engraçado? Como é ser o senhor do quarto andar que sempre fecha a porta e ronrona quando percebe alguém diferente no condomínio?
E o homem de pelos fartos que trabalha na padaria? Ou a senhora vestida de preto no metrô?
O coração de Maria era leve como uma pena, apesar de seu mistério. Os dias passavam para ela como uma chuva de verão - aprazível. Não precisava do grito para viver.

Maria sabia que estaria por aqui por um tempo, vivendo a pergunta que é a vida, e partiria em seguida. Como um pássaro vermelho se despedindo do grande sol dourado.




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