Em um dia dourado
- Sâmela

- 29 de jun. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 18 de nov. de 2024
Em um dia dourado conheci um menino de pele de veludo, ele tinha dois relógios para o tempo, um marcava a hora e outro o significado. Carregava o sol em um medalhão de cobre no pescoço, e a fuligem dos silêncios de Maria escondia debaixo do travesseiro.
Vivia nas ruas curvas e arborizadas da cidade. Procurando objetos perdidos; a presilha de uma senhora de oitenta e nove anos, que sem perceber deixara cair seu adereço precioso. Três pedrinhas brilhantes reluzindo na falha da calçada, no verso estava escrito: "A beleza é uma mancha". Ainda não sentira falta do objeto.
Certa vez ele desviou tanto o caminho que chegou no mar. Lá encontrou um chapéu e meias. Lembrou que não gostava de cobrir a cabeça, nem os pés. O Menino codificava sempre as passagens para os melhores caminhos, queria achar algum lugar entre o conhecido e o desconhecido - o meio de tudo.
O que era parecido demais virava outra coisa em sua cabeça. Os nomes tinham cores, os cheiros sentimentos profundos. Olhava dentro de tudo o que tinha alma, esperando entender tudo - só assim não se entendia nada.

Repetia: "A vida é o caminho, que é mistério, a busca nos encontros e desencontros. O tamanho do mundo no indivíduo".




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